terça-feira, 24 de agosto de 2010

Alone



Calo. Muito.

Não falei para minha madrinha que espero o churrasco de seus próximos aniversários.
Não disse à minha mãe que continue dosando o sal, mesmo sem eu estar em cima, calculando cada grama.
Não disse ao meu pai que tome cuidado nas ultrapassagens; à minha irmã que cuide dele; ao meu irmão que se esforce para conseguir ao menos um sete em língua portuguesa; aos parentes que são mais que amigos, ao menos uma vez o quanto os amo.
Por mais que dissesse mil vezes, ainda não seria suficiente para calar as lágrimas e a saudade que já se acumula no meu peito, aquela que chega mansa no fim da tarde e pesa com o fim de noite sem o chimarrão à beira do fogão à lenha.

Até pouco tempo, acreditei que era corajosa. Depois pensei que, na verdade, era mesmo covarde: fugi mais uma vez, como há pouco mais de sete anos, sem tentar uma rota nova. Nesta semana, descobri que sou cruel, por me afastar das pessoas que me amam e por fazer com que elas se afastem daquele que mais amam.

Mas não consigo me desfazer da sensação de que fiz o certo, embora só agora perceba o egoísmo das decisões que tomei. Sozinha, enquanto meu fiel escudeiro dorme no quarto ao lado, fui pega de calças curtas avaliando que agora que conquistei o que sempre quis, isso realmente nem passa perto do que quero agora. O que me consola, descobri, é que aprendi a definir meus caminhos, nem sempre sozinha.

E vocês, como avaliam suas vidas? Corajosas? Covardes? Acompanhadas ou sozinhas?

Ps.: o vídeo foi tirado da série Glee, que coloriu meus dias, enquanto a música clareou algumas sensações.

6 comentários:

  1. O importante, minha amiga, é que, já que descobriu o erro, ainda há tempo de, ao menos, amenizar-lo...

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  2. Lindo!
    Ser livre é seguir o coração, mesmo tendo de arrebentar esse coração para encontrar o caminho.
    Coragem! =)

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  3. Eu sempre digo que nós temos uma luta diária contra a saudade... mas tem dia que a saudade ganha a batalha!!!!

    Somos mais fortes do que pensamos... e disso eu tenho certeza... mas sem um tiquinho de insegurança ou triteza, etc etc não seríamos humanas!!!

    Olhando seu texto me identifiquei muito... principalmente hoje que também estou tristinha...

    Mas isso também faz parte de ser "gente grande"!!!

    Não acho que vc errou... lutar para melhorar nunca é um erro... e sua família sempre estará lá para te apoiar e te aplaudir.... para matar essa saudade, diga a eles o que vc disse no texto... e também um eu te amo!!! vc vai se sentir melhor!

    beijos

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  4. Você não errou..

    Eu morro de medo de tudo. Tenho medo de me arrepender e de ter feito a escolha errada.

    Mas acredite, por mais que a família seja um fator muito importante, acho que conquistar um espaço melhor no mercado conta mais, senão iria chegar uma hora em que você ficaria tão nervosa por não conseguir o emprego justo que descontaria na família, bom, eu pelo menos faço isso.

    Outra coisa, finais de semana foram feitos para visitar quem a gente gosta e agradeça que vc não trabalho todo sábado e pode fazer isso!!

    Além do mais nada é para sempre. Aproveita o emprego novo e a cidade gelada!!

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  5. Gostei tanto, Graci.
    Aquilo que acontece dentro de nós nos rendem belas palavras.
    E o melhor da sua história é a sua descoberta. Isso prova que você conquistou o tempo que precisava.
    Lindo, lindo, lindo!

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  6. Sua mudança era necessária para a sua descoberta. A saudade dói, mas nada melhor que um fim de semana para matá-la. Escolhas são importantes, você fez a sua. Melhor fazer, se arrepender e voltar correndo do que passar a vida temendo.

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