segunda-feira, 10 de maio de 2010

Tal mãe, tal filha*




A mãe
Quando criança, sabia de duas coisas. Sabia que queria ser jornalista, mas, principalmente, sabia que queria ser mãe. Jornalista, por algumas ironias do destino, ela ainda não é. Mãe, sim. E com louvor.


A filha

Quando criança, não sabia o que queria da vida. Apenas imaginava, em suas brincadeiras de boneca, o dia em que teria uma bonequinha de verdade, que falasse, que brincasse, que chorasse, só pra ela. Hoje ela ainda não sabe nada da vida. É jornalista, mais uma vez por ironia do tal destino. E sonha em ser mãe. Tudo ao seu tempo, claro.


A mãe

É estilosa, gosta de moda, tem liderança. Ama ler, assiste a bons filmes, conhece muita coisa. Pinta e desenha muito bem, faz artesanato, fura a parede, martela a estante. É de Goiás mas, quando perguntada, responde prontamente: "Sou paranaense."


A filha

Poderia ser mais estilosa, menos careta e mais descolada. Deveria ler mais, saber escolher melhor aos filmes e estudar mais sobre o mundo. Desenha razoavelmente, nunca pintou. Descobriu-se, por acaso, uma artesã. De ocasião, mesmo assim, uma artesã. Por cautela, chama a mãe quando quer furar a parede. É paranaense e, quando perguntada, responde: "Iguaçuense, não iguassuína."


A mãe

Tem medo, porque é um ser humano normal. Mas é mais forte que eles, e passa por cima. Admite, no entanto, que foi a chegada dos filhos que a fez superar a maioria, para proteger os ‘pequenos’. Tem boas escolhas, quase sempre.


A filha

Não conhece ninguém mais medrosa que ela mesma, e raramente tem coragem de enfrentar seus medos. Imaginem que, até hoje, aos 24 anos, não mata baratas! Cansou das vezes que a pararam na rua perguntando: "Você é filha da Lu? Nossa, há quanto tempo não vejo a Lu... mas você é a cara dela, heim?"


Mãe e filha
Se amam. Amam a vida. Amam o pouco tempo que têm juntas. Amam comemorações em família, sair juntas, almoçar juntas, estudar juntas. E cultivam, também, um grande amor pela escrita. Têm os gostos parecidos no quesito homem, mas jamais brigariam por um. Enfrentam o mundo, movem montanhas uma pela outra. E anunciam isso aos quatro ventos, para quem quiser ouvir. Ou for desatento e, um dia, insinuar que façam uma escolha que já foi feita anos atrás, muito antes de se saberem mãe e filha. Acima de tudo, amigas.



* Texto adaptado à minha nova realidade. Uma homenagem à melhor mãe do mundo, mesmo que um dia depois do dia delas. Porque, na verdade, todos os dias são dela. Te amo, mãe. A primeira foto minha mãe posava pra grande Lylia Pimentel. Na última, seu primeiro porre, ao lado do meu avô, quando ele também ainda tomava porres e descobriram que ela passou no vestibular - em Relações Públicas na UFPR. Texto original aqui.

7 comentários:

  1. Será que foi por vcs duas serem tão parecidas que eu amei instantaneamente a sua mãe?

    Melhor descrição para vcs duas não poderia haver. Lindo!

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  2. Muito bem escrito as igualdades e semelhanças entre vcs.
    Adorei o texto e principalmente as fotos. A primeira parece muito vc, igualzinha. A outra, é nitido o momento de felicidade.

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  3. Que lindo! Nossa origem deve ser sempre lembrada. Ainda que haja erros ou infortúnios. Da vida se leva aquilo que se foi. Maravilha de texto.

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  4. Protesto! A melhor mãe do mundo é a minha. Tanto é que eu não largo dela...

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  5. Paula, filha querida...
    só hoje, 15/11/10 li seu texto. Uma cerveja, o note, e seu texto que chega a mim do outro lado do oceano, por um email de Lylia. Nossa. Que mãe mais displicente eu sou.
    Amo você, garotinha. E você escreveu como eu nunca poderia este amor.
    Minha garota!!!!!
    :D

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