segunda-feira, 14 de junho de 2010

Patriotismo de Copa do Mundo!


Estamos em mais uma copa do mundo, época em que todo mundo tira do fundo da gaveta a bandeira do Brasil, guardada há quatro anos. Assim, a cada quatro anos, um sentimento coletivo de patriotismo emerge. Pinta-se tudo de verde e amarelo, inclusive as unhas (eu acho péssimo, o ó, como diria a Maju), mas enfim, sai do armário aquele patriota camuflado de torcedor, valorizando a bandeira do seu Brasil.

O que me irrita é esse patriotismo futebolístico! Os brasileiros em geral só lembram de suas cores e suas bandeiras na época da copa do mundo. No intervalos entre uma copa e outra vangloriam as cores de outros países como se fossem a coisa mais maravilhosa do mundo.

Quantas pessoas aqui sabem cantar o hino do Brasil? Eu sei, canto com orgulho, aprendi na escola, tinha que cantar todos os hinos (Brasil, Paraná e Campo Mourão) uma vez por semana. Achava a coisa mais linda do mundo, todas aquelas crianças, algumas meio forçadas, cantando o símbolo do patriotismo nacional.

Entretanto, nos países vizinhos esse nacionalismo é mais intenso. Pasma fiquei quando morei no Peru. Aquilo sim é um país que honra suas cores e seus costumes. Na escola se canta o hino todos os dias, coisa que hoje não acontece por aqui.

Lá, fui obrigada a aprender a cantar também o hino peruano. Uma das coisas que me chamou a atenção foi que em todos os feriados nacionais são hasteadas bandeiras do Peru na frente de todas as casas, lojas, prédios etc. É uma cena maravilhosa aquele monte de bandeiras flamulando – o que mostrava que o orgulho das cores daquele país não se dava somente em época de copa do mundo, como aqui.

Me revolta as pessoas lembrarem do 7 de setembro como mais um feriado prolongado pra ir viajar e ignorar seu verdadeiro significado. Me revolta o fato do Brasil parar para ver os jogos. Quando acabar a copa, todo esse entusiasmo também acaba. As bandeiras voltarão para suas gavetas. Só serão hasteadas novamente em 2014.


10 comentários:

  1. Mari, também me incomoda esse falso patriotismo. Mas na verdade as bandeiras hasteadas não são as do Brasil, são as do time que está jogando. Porque a paixão do brasileiro é pelo futebol, não pelo País. E a bandeira é como se fosse de qualquer outro time, e ponto.

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  2. Outra coisa, se tu perguntar a alguem a escalaçao copleta da seleçao ninguem sabe, mas a hora dos jogos e dias, isso todos sabem (pq eh a hora q vamos parar d trabalhar)
    Se tu perguntar quantas estrelas tem na nossa bandeira e nome d cada estado e sua capital ningeum sabe, mas todo mundo sabe o nome d um lugar no Brasil ond queria passar as ferias.

    Nos somos brasileiros mesmo, deixamos para saber tudo ou fazer tudo na ultima hora... para q saber ou fazer antes hauhauhaua


    Gua®a - O Massagista

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  3. O Brasil é uma nação nova. Longe de defender e fazer disso uma justificativa, mas acredito que tempos difíceis, de guerra, de escassez motivam e unem as pessoas num sentimento único de patriotismo. Nós não sofremos tanto assim, por isso não damos o devido valor.
    Faço uma comparação, também, com o meus tempos de Itália. Nos aniversários, bandeiras do país são penduradas como nas de festa junina, os bolos são enfeitados de verde, vermelho e branco e a festa se dá em homenagem ao aniversariante que divide as terras daquele país com o restante da nação. Seja nascido na Itália ou não.

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  4. Eu também não acho correto tanto patriotismo de 4 em 4 anos.
    Mas, enfim, é o jeito do brasileiro, que, ainda, tem vergonha de ser brasileiro. Acho que isso acontece porque o descaso é diário com a nossa população. É vergonhoso ver gente que não tem casa, comida e por aí vai. Quem se orgulha de um país assim?
    Os próprios sul-africanos tinham vergonha de serem de onde eram, poucos valorizavam a sua pátria, porque a mesma não lhe dava condições dignas de sobrevivência, além do que havia a segregação racial.
    Parece que é só futebol, mas não.
    Tirando isso, eu adoro a Copa. Acho energizante e contagiante a maneira como os jogos ocorrem, principalmente a maneira como o público vibra, torce, grita e defende!

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  5. Então, flor, ainda há a segregação na África do Sul. E acho que no mundo inteiro. E acho que nossa história é meio vergonhosa, também, a gente sempre se submeteu a praticamente tudo. A maior parte dos movimentos sociais do País, por exemplo, não contaram com a sociedade. A gente tem medo e o medo nos inibe...
    Mas vamos lá, rumo ao hexa!

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  6. Tá certa a Paula. Essa manifestação não é de patriotismo. Não é de amor à Pátria. É manifestação de torcedor de futebol. Só isso.

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  7. Ai, Mari, confesso que sou um tantinho anarquista e não curto hinos e demonstrações exacerbadas de patriotismo. Acho tudo muito sem função para mim, na copa ou nas datas nacionais, mas acho bacana que, nem que seja por futebol, a nação se una.


    Acho que prova que ainda há esperança.

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  8. Acho que isso é a mesma coisa dos idolos, todo mundo precisa deles. Por isso exaltar tanto o futebol... o Brasil é bom nisso, então temos orgulho! Quem assiste formula 1? Não muitos, mas quem lembra das vitórias do Senna, acho que agora são vários.

    Mas enfim, gosto de Copa do Mundo, mesmo que não pare de trabalhar nos jogos...

    Ah, e em homenagem aos jogos, fiz vários gols ontem. (Tá, o goleiro era meu priminho de 5 anos, mas o que vale é a intenção né!!)

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  9. Tô aqui pra discordar da Paula e do Sid. É manifestação de patriota, sim. Mesmo quem não gosta de futebol vai lá, se veste de verde e amarelo, e torce pelo Brasil. Pelo Brasil. A pátria de chuteiras, como gostam de dizer os comentaristas esportivos. E ao contrário também, acredito que muita gente tem orgulho de ser Brasileiro. Assim, com letra maiúscula, ainda que em nosso país, como em tantos, haja tanta desonra, tanta mesquinharia, tanta infamidade (como há em tantos e tantos outros). Assim como você, cresci cantando o hino - não só o nacional, como o da Bandeira, o da República, o do Exército (pasme!). E acho que se hoje não se vê este sentimento nacional, a culpa é de cada um, como cidadão e como brasileiro. Uma das coisas mais lindas é visitar o Rio Grande do sul na semana farroupilha: os homens vestem suas pilchas, as mulheres se vestem de prendas, e todos se orgulham de suas raízes e suas histórias - e as conhecem. Se crescemos cantando o hino, mesmo por obrigação, porque então deixamos que se acabasse? Cadê nosso papel como cidadãos brasileiros mantendo vivo este orgulho, este ufanismo?
    Eu, de meu lado, AMO este sensação de ver o brasileiro unido num senso comum - ainda que seja o futebol. E acredito que nos unimos, sim, por outras coisas mais importantes, mais "sérias".
    E visto verde amarelo, e vejo as partidas, e choro e grito. E tenho o maior orgulho de ser brasileira - não só nesta época. Às vezes acontecem, sim, coisas que me fazem envergonhar, mas não de ser brasileira - sim, de ser "humana".

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