quarta-feira, 2 de junho de 2010

O buquê da noiva



Um sábado sem sol, o casamento mais interiorano a que já fui, um frio que só faz no dia que uma das Muchinski casa e aquele homem, bem casado e bem resolvido, anuncia que a noiva vai jogar o buquê.

-Atenção mulherada que está precisando arranjar um marido...

Ok. Realmente, tem muita gente “precisando” arranjar alguém como ele para carregar a tiracolo. Definitivamente, depois dessa eu não iria mais me misturar àquele comboio de mulher desesperada, com toda esperança do mundo despejada nas flores da noiva, a sortuda. Até respondi pra minha tia que me incentivava que, não, não estava “precisada” de uma aliança não, mas, eu fui.

Pela primeira vez na vida estive no rol das encalhadas. Fiquei ao lado da irmã mais nova da noiva que, aos 14 que aparentam 12, ainda teve a perspicácia de dizer que eu estava velha. Nem argumentei, assimilando a chegada do quase um quarto de século.
Sorri para disfarçar o mal estar da situação inédita, me sentindo uma idiota porque nem tive talento para ficar lá na geral, onde, imagino, sempre vão parar os buquês. Pensei, pronto, alguém deve estar filmando essa desgraça e pode ser que eu apareça no Faustão no próximo domingo se o negócio ficar tenso. Então imaginei aquela cena de comédia romântica em que a protagonista nem está esperando e de repente, pronto, sem querer e sem ela estar naquela muvuca desgraçada, cai-lhe o maço nas mãos e a sentença se concretiza, quase virei as costas, mas... Tem coisas que não custa dar um empurrãozinho.

Tá. Eu não lembro de onde veio essa vontade súbita de casar. E, sim, nem acredito no tal de buquê, mas, pensando bem, depois do inferno astral... Não custa, né? Maldito maio e suas infinitas matérias especiais sobre casamento. Fico. Mas já vou avisando que nem por um mês de lua de mel passo pelo constrangimento da cerimônia na igreja e que a pretensão não é estar inteira para a noite de núpcias. Ai, para isso tenho de pegar o visado maço antes, me resigno.

As flores voam, o povo de salto da geral se acotovela e uma mulher com aquela cara de solteirona que se reconhece a quilômetros sorri loucamente e olha com desespero para os lados. Foi armação, pensei, mas logo rio e fico feliz. Caiu na mão de alguém que estava precisando, penso, assimilando algumas semelhanças com o bem casado.

Sei que preciso me lembrar de beber mais no próximo e de ir para geral. Que venham muitos outros.

Algumas dicas, garotas, nem que sejam para os casamentos caipiras?

8 comentários:

  1. Ai Graci!vc não está tão velha assim..hahaha..se não eu também estaria!

    Da próxima vez vá de plataforma e fique sim, na geral!

    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Então, saber dar pulos enormes e derrubar as adversários 'sem perceber' são boas táticas, também. E ainda dá pra colocar um metal no buquê e ficar segurando um super imã potente... vamos testar na próxima!
    Morri de rir!

    ResponderExcluir
  3. Eu nunca encarei a disputa do buquê!
    hahaha
    Quando fiquei na geral, a briga era por um sapo de pelúcia. Não tive sorte (ou talvez tive).
    Eu acho que se você levar um spray de pimenta na bolsa e na hora que tiver na muvuca, quase próximo da noiva tacar as flores, você espirra nas adversárias. Pronto, você pegou o buquê.

    ResponderExcluir
  4. hahahahaha
    Fui a um casamento sábado. Como sempre, minhas amigas bem casadas também me empurraram pra disputa.
    Fiquei ali imóvel, não por receio de pegar o buquê (já peguei uma vez e não mudou nada... rs), mas sim por estar admirada com a luta desesperada pelo ramalhete! Uma convidada foi parar no chão, a irmã da noiva pegou, a madrinha puxou e, no final, a prima distante saiu saltitando de alegria com o que restou do buquê na mão.
    Cheguei a uma conclusão, quando casar, se casar... não vai ter arremesso de buquê!

    ResponderExcluir
  5. Ah! Não, Anne.

    Eu quero estar lá, de plataforma, na geral e com spray de pimenta, haha

    ResponderExcluir
  6. Então, odeio ir ver o buque... nem acredito, mas por acaso minha irmã pegou 5 antes de casar, e olha que ela nem é de ir para a geral!! kkkk

    Bjussss

    ResponderExcluir
  7. Fiquei pensando... e o barato da curtição, onde fica? Casar é legal, Graci, acredite em mim: senão não haveria tantos descasados casando de novo. E o vestido de noiva, o altar, a festa são parte de um ritual - a vida é feita de rituais: nascimento, formatura, casamento, morte. E é muito legal curtir cada ritual (fala uma pessoa que sempre foi contra casamento, que se recusou a uma cerimônia tradicional, que não quis casar na igreja e que depois se arrependeu de não ter feito tudo isto - não um arrependimento de matar, mas um arrependimetozinho de 'podia ter sido'...).
    E o buquê (agora, modernamente, não se jogam buquês, como se vê. São sapos, que podem um dia se transformar em princípes (outro parentêse dentro do anterior pra dizer que duvido)), faz parte desse ritual.
    :)
    O que se precisa é estar bem resolvida. Aos catorze, aos vinte, com meio século, aos quarenta...
    :)

    ResponderExcluir
  8. Sabe aqueles balões enormes cheios de alas e brinquedinhos de festa de criança? Nunca fiquei sob eles porque achava humilhante sair catando prendinhas ajoelhada.
    Mais ou menos acontece com o buquê. Prefiro evitar o filme do Faustão ou a cena da disputa que despedaça as flores.
    Superstição não é muito meu forte. Mas se for pra entrar na brincadeira, de casamento caipira eu topo! hehe

    ResponderExcluir