segunda-feira, 7 de junho de 2010

Além da vida



Parece história de filme, mas é vida real e se passa aqui perto, no nosso Estado, em Curitiba. Kátia Lenerneier, 38 anos, professora, perdeu o marido em fevereiro deste ano, depois de complicações de um tratamento de câncer. Entretanto, em meio à dor, ela enxergou uma maneira de dar continuidade ao amor que construiu com Roberto Jefferson Niels,seu esposo: a inseminação artificial.
Kátia e o marido procuraram a Clínica e Laboratório de Reprodução Humana e Andrologia (Androlab) em 2008, antes mesmo de Roberto ter recebido o diagnóstico de câncer. Ela conta que, desde aquela época, eles pretendiam ter um filho. Contudo ela encontrou, aí, um grande problema.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) do Paraná explica que, de acordo com a resolução 1.385 do órgão, a fecundação após a morte só pode ser feita quando há uma autorização por escrito do falecido. Mais, o CFM alega, ainda, que o Código de Ética Médica reforça a proibição, já que não há a autorização dos dois cônjuges.
Na última semana de maio, a primeira vitória para Kátia: o juiz Alexandre Gomes Gonçalves, da 13ª Vara Cível de Curitiba, concedeu liminar para que ela usasse o sêmen congelado do marido e fizesse uma inseminação artificial.
Mais uma vez o CFM interveio, dessa vez afirmando que pode punir o médico que realizar o procedimento. O médico que os atendeu na clínica, no entanto, acredita que não seja necessário uma autorização por escrito. Para ele, só o fato dos dois terem procurado a clínica, congelado o sêmen e feito duas consultas para iniciar um tratamento de fertilização já é o suficiente para entender que era vontade dos dois que Kátia engravidasse. Para garantir seus direitos profissionais no caso de realizar a inseminação em Kátia, o médico consultou o departamento jurídico da clínica e o próprio CFM e acredita que a decisão da Justiça seja soberana.
Para Kátia, a decisão da Justiça é óbvia. "Por qual motivo eu e meu marido congelaríamos o sêmen?", justifica-se. Ela acredita, também, que um filho do seu marido é uma forma de fazê-lo vivo entre seus familiares. A família, inclusive, está ansiosa. Os pais de Roberto, garante Kátia, adoraram a ideia de serem avós mesmo depois de perderem o filho.
Além do mais, Kátia alega que seria duplamente lesada caso seja impedida de realizar a fertilização, uma vez que, além de não poder ter um filho do marido, pagou R$ 300 pelo congelamento do sêmen e R$ 70 a cada mês, como manutenção.
Na minha opinião, é de total direito de Kátia ter essa criança, já que tem condições de criar e educar o filho e que, certamente, vai amá-lo muito (alguém duvida do amor do casal na foto acima?). E vocês, o que pensam disso tudo? Acreditam que deve ser tirado de Kátia o direito de ter um filho do marido que faleceu?
Mais aqui.

7 comentários:

  1. Então, eu acho até que é direito dela, mas não concordo com essa coisa de ter filhos depois da morte de uma das partes.
    Acho macabro o filho nascer e o pai ter morrido antes,bem antes. Ela vai ter o direito de ser mãe e ele não mais.
    Não concordo muito com esse tipo de atitude,acho que é uma forma das pessoas tardarem a perda, de amenizá-la. Pula-se processos que são essencias à psique humana.

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  2. Olha... Não sei.

    Acho cruel com a criança não ter a possibilidade de ter um pai real, palpável. Também foi cruel o desfecho da história do casal. A vida é assim, não é? Tem coisas que a gente não escolhe.
    Mas, daí gerar um filho de um homem morto? Será que foi com essa alternativa que ele congelou o sêmen? Era esse o plano casal?
    Não me parece. Muitas pessoas com câncer fazem isso, justamente porque o tratamento pode causar infertilidade. Não sei se é correta ou não a atitude de Kátia e não me vejo em condições de fazer um julgamento. O direito dela, no entanto, não acredito que deva ser tirado. E o direito do filho que poderá nascer, sem a mínima possibilidade da presença do pai?

    Não sei, não sei. Como já dizia o poeta Raul Seixas, "cada um de nós é um universo, Pedro".

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  3. Bom, eu acho a possibilidade meio 'macabra', como a Lari disse, mas acho injusto ela não poder ter o filho do marido, já que há a possibilidade. Mais, acho injusto ela perder todo o investimento feito pelo casal. Talvez seja melhor pra criança crescer com um pai que já se foi mas está sempre presente, como no caso da Cris Guerra (do www.parafrancisco.blogspot.com) do que com um que não faz muita questão de lembrar que é pai. E vai ter a certeza de que foi, sim, muito desejada, e amada desde o princípio... Por mais estranha que pareça a situação.

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  4. Gente isso daria um filme!

    Que historia!!!

    Acompanhando a novela das 6h ela trata do mesmo tema. Fertilização pós morte.
    Eu acho justo, o amor deles parece ser maior mesmo que a própria morte.

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  5. Antes de começarem a comentar estas coisas nem sabia que não podia fertilização pós morte do parceiro. Mas não consigo entender a polêmica.
    Gente, quem doa esperma para clinicas tem algum problema se morrer ou pode?
    que é estranho, isso é, mas quem teria de ficar triste vendo um filho que lembra o tempo todo o amor da vida dela seria a possivel mãe da criança, se para ela não é assim, não me entra na cabeça o problema. Talvez problemas com herança caso não fossem casados, mas com certeza não é isso que está impedindo nesse caso.
    Quantas histórias sabemos de mulheres que descobriram estar grávidas depois que os maridos morreram (e era deles tá)!??!

    Sobre ter um pai real, quantas não tem? Muitas mães criam seus filhos perfeitamente sozinhas. Pais são aqueles que criam, tenho certeza absoluta disso.

    Deixando meu ponto de vista, repito, não entendo o motivo da polêmica!!!

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  6. Olha, Ana, acho que o motivo da polêmica é justamente o fato de tirarem da mãe o direito de usar o esperma do marido que morreu. Porque acredito que, se não fosse da vontade dele, ele não teria tirado. Por mais mórbido que pareça engravidar dele depois dele morto. Ou por mais bonito que possa parecer querer que esse amor continue, sei lá.

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  7. Concordo que ter buscado, ainda em vida, uma clínica, já mostra o interesse do falecido em ter um filho e acho que não deveria haver barreiras para esta família que quer o filho/neto entre eles.
    No entanto, acho complicada a situação de criar uma criança nessas condições. Do amor ninguém duvida. Mas só acontecendo (repetidos casos) para conseguirmos analisar.
    Há mães que perderam seus maridos durante a gestação e, no quesito criação, acredito não haver muita diferença do caso de Kátia.

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