quarta-feira, 7 de abril de 2010

Iguais, iguaiszinhas...


Pagamos a conta.

Trabalhamos fora.

Moramos sozinhas.

Administramos as finanças.

Trocamos lâmpadas e, veja só, até podemos executar atentados terroristas. Sim, mulheres-bomba. “Grande conquista! Agora vocês estão iguais aos homens”, me falou alguém, um homem, ao observar a peculiaridade dos atentados na Rússia na semana anterior. Mas, isso não é novo.

O descompasso dos homens diante dessa geração de mulheres ao estilo Mexendo na Bolsa (não que alguma de nós seja uma potencial terrorista suicida), bom, isso sim, me parece, é relativamente novo, embora a tal queima de sutiãs remeta ao início do século passado.

Por um lado, o meu, não questiono a validade de tal luta. A igualdade conquistada, principalmente legalmente, muito me agrada pelo que considero a máxima do pensamento de Voltaire, que mesmo longe das salas de aula há tanto tempo, nunca esqueci, independente de questões de gênero: “Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo”. Tudo em paz, mulheres com voz e sem a dependência dos pais ou do marido... Lindo.

Mas, luta, hoje? Para ser iguais aos homens?
Não, não acho isso válido. Mulher tem que lutar sim, mas pra ser respeitada como mulher, roubo a ideia de um dos homens que consultei sobre o assunto. “Vocês lutaram muito para ter os direitos iguais, mas o que, de certo fato aconteceu, foi um extremo. Em alguns casos saíram de um ponto e foram ao outro, ou seja, pegaram o que os homens têm de pior. Fora que muitas vezes penderam a feminilidade, a essência feminina que é o que nos atrai”, confessou um amigo.

Outro afirmou a mesma coisa, mas em relação a questões físicas e a musculatura exagerada ostentada por algumas mulheres. A divisão da conta com a namorada, para mais um, não era uma situação feliz. “Me sinto humilhado, não acho necessário”, confessou, enquanto outros não veem o mesmo problema, pelo contrário, não ficam tão complexados com isso quanto as garotas dessa geração que precisa manter o sutiã em queima.

Até o Ivan Martins já se perguntou até onde vai, por que as mulheres não querem mais ser mulheres, naquele tocante de fragilidade, beleza e sensualidade que significa o gênero.

Eu não acredito que a maioria de nós deseje abdicar disso, tanto quanto não acredito que queiramos ser reconhecidas pelo rostinho bonito. Mas isto não é questão de gênero, sim de caráter. Mas, até todo mundo entender, como ficamos?


Será a coragem da mulher a desgraça do homem moderno, como apregoa um ditado checheno?

13 comentários:

  1. Os homens querem ser metrossexuais, nós respeitamos. Incentivamos, até. Querem passar mais tempo em casa. Acompanhamos. Por que tanta implicância com o que queremos ser? Por menos delicado que pareça, por menos que agrade a um ou outro? A decisão é pessoal. Não acredito que tenhamos que queimar sutiãs, isso também me lembra de outros tempos. Nem entendo isso necessariamente como uma luta. É extremo demais. Mas parece que o espaço conquistado cada vez mais assusta aos homens. Parece que estamos moldadas e quem foge àquilo esperado é bizarro. Sim, eu sou mulher. Sou feminina. Mas definitivamente a delicadeza não me pertence. Gosto de pagar - ou dividir - a conta, não mudo de opinião para agradar, mesmo que seja indecisa na maioria das vezes. E não acredito que isso seja nenhum pecado. E, apesar de não me aproveitar dos machos alfa-babões de plantão, não critico aquelas que o fazem. As oportunidades estão aí, cada um aproveita como quer. Ou como achar melhor.

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  2. eu acho que os homens tem medo das mulheres independentes!!!

    E eu não abro mão disso!

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  3. Acho que calha bem. Adoro o Ivan Martins, editor executivo da Revista Época. Leio suas colunas semanalmente, sem perder uma. E encontrei uma que pode se encaixar bem com o que estamos falando aqui. Aí vai um trecho, o 'gran finale'. Abaixo, o link. Divirtam-se!
    "Mulheres adultas vão sair com pirralhos bonitos, como fez a minha amiga. Mulheres vão sair com garotos de programas, como já acontece. As mulheres vão fazer sexo casual com tipos que nós achamos idiotas e vazios, mas por quem elas se sentem atraídas. Enfim, as mulheres vão fazer o que nós homens temos feito há milênios. E nós vamos nos sentir ameaçados - mas elas seguirão fazendo assim mesmo, por que podem. Por que finalmente podem. E se nós, quarentões, nos sentirmos ameaçados, azar. Temos de imaginar que em algum sítio, no interior do Brasil, um garoto de bons sentimentos estará se beneficiando, pela terceira vez na mesma noite, da generosidade, da curiosidade e da nova liberdade das mulheres."
    http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI93456-15230,00.html

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  4. Não acho que as mulheres devam ser iguais aos homens, devemos ter direitos iguais sim, mas sem perder a essência feminina =)

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  5. A questão é a seguinte, Wal: e se eu não quiser ter a essência feminina? E se a minha visão de essência feminina for diferente da sua? Por que tenho que ser um padrão? Entende meu ponto de vista?! Acho que cada um tem que ser o que quer, o que lhe cabe, o que lhe faz bem... Aos outros, cabe aceitar, simplesmente. Eu penso assim, pelo menos.

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  6. Vocês parecem sindicalistas da década de 60/70 lutando pelos seus direitos... :) Eu não sei quais motivos levou essa mulher a ser uma mulher-bomba, mas isso, na minha opinião, não tem nada a ver com os direitos iguais entre homens e mulheres, isso é ideológico, os motivos daquela mulher era o mesmo motivos de todos daquele grupo.

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  7. Eu concordo, acredito que a mulher bomba nada tenha a ver com que a questão do gênero. É uma questão ideológica, mas não de gênero.
    Sobre mulheres serem iguais aos homens, também acho que tal igualdade não nos interessa. Queremos direitos, direitos básicos como trabalhar fora, estudar, pagar as contas, conquistar espaço no mercado de trabalho. Poder expor opinião, poder beber, dirigir, beijar quantas bocas forem necessárias à nossa sede sem sermos tachadas de puta, fáceis ou qualquer coisa parecida – porque homem não é isso, não é verdade???
    A questão da feminilidade é de cada uma, umas mais “femininas” do que outras. As conquistas não fizeram a mulher perder a sua essência feminina, apenas nos impomos mais...

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  8. Larissa, suas lutas não estão ultrapassadas, não? A mulher trabalha fora há muito tempo. Você é filha de uma mulher que trabalha fora, não é? As mulheres são maioria nas universidades. Parece que estão bebendo mais que os homens (isso é conquista?). Na região já temos cadeia só para mulheres. A maioria presa por tráfico de drogas. Isso é conquista?
    A mulher deixou de ser feminina sim (Não me parece feminino ver uma mulher tomando cerveja no bico da garrafa. No meio da rua!).
    Será que o mundo ficou melhor?

    Sobre beijar todas as bocas, vc tem todo o direito. Os homens adoram isso. Ficou fácil. Não é preciso mais ter conquista. Não é preciso mais ter fidelidade. Nem respeito. Vc chega, beija uma e parte pra outra. Se uma mulher recusa teu beijo, não é preciso perder tempo tentando conquistá-la. É só ir beijar a do lado. Ficou ótimo pro homem. Era isso que vcs queriam?Parabéns! Conseguiram.

    PS: Desculpa, eu tô velho. Sou do tempo que era preciso conquistar uma mulher para beijá-la. Era mais difícil, mas era mais gostoso...

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  9. Sid, bonito ou não, o direito de fazer é uma conquista. Mesmo que não seja direito, ético nem politicamente correto. Agora a gente pelo menos tem o poder de decidir se quer ou não fazer. Porque nem isso, antes, a gente podia. E, veja bem, antes eu quero dizer bem antes mesmo. Porque eu sei que não é a nossa geração que conquistou muita coisa não. A gente, na verdade, está começando agora. Sabe-se lá onde vai parar. O bom é que a gente vai poder escolher o lugar. Moralmente aceito. Ou não.
    E, apesar de minoria, tenho amigos que acreditam que as mulheres tinham que ser mais fáceis. O Teste é um que não me deixa mentir! ;)

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  10. Senhor Sid, sim, as conquistas que mencionei já foram alcançadas, mas...existe preconceito, existe a dupla jornada de trabalho (casa e fora de casa), existem certas dificuldade pelas quais passamos e os homens não, beibe. Foi nesse sentido que eu disse.
    Sobre beijar td mundo, não sou a mais indicada no assunto, eu defendo quem dá bitocas a todo momento, porque não me conformo do povo criticar as gurias que assim o fazem.
    Mesmo eu não sendo tão velha assim, prefiro as coisas mais lentas, menos fugaz. Mais romance. É que nem o fato de ser feminina ou não. Cada pessoa tem suas tendências, seu próprio jeito de ser. Não vejo problemas de homens beberem cerveja com canudo. rsrsrs

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  11. Eu acho que a igualdade está nas boas ações e nas más também. Hipocrisia exigirmos igualdade apenas nos bons quesitos. Há gente má por todo lado, homens, mulheres, crianças, negros, amarelos, brancos, latinos, europeus...
    E não acho que estivemos inferiorizadas e desejamos conquistar status masculino.
    As conquistas femininas se dão também pelo uso da mini saia, do rosto descoberto, da conquista no esporte, no trabalho, na cozinha, nas artes...

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  12. Acho que sou mais ou menos como a Larissa, defendo que tenham direito, mas não que necessáriamente façam!! Sou meio ultrapassada na verdade. Vivo me surpreendendo com as novidades que vejo por aí, mas aprendi a rever meus próprios conceitos.
    Não acho bonito ficar bebendo até não poder mais, mas não condeno quem o faz. Não acho que a mulher deve ficar com quantos quiser na mesma noite, até porque isso tira qualquer chance de ter sentimento, mas não olho torto quando vejo acontecer. Tudo sempre deve ser uma questão de escolha.
    Eu fiz as minhas e não vou mudar pq o mundo moderno exige, deixem que os outros façam as suas, sejam elas delicadas ou não.

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  13. Eu não acredito que seja necessária essa valorização dos direitos, porque eles já estão aí. A questão maior ainda está na aceitação pública, e aí, sim, sorte de quem não liga para ela.

    Eu não me vejo engajada em nenhuma luta por ser mulher, mas pelo direito de ser quem eu quiser. Minha mãe não estudou, casou jovem, sempre foi dona-de-casa. Onde eu moro, numa comunidade rural, religiosa, esse é o padrão. Ir morar fora sozinha, ter uma profissão que não seja de professora, ter o próprio carro e dirigir, um filho sem ser casada e nem cogitar a possibilidade de casar na igreja da comunidade, beber em público e ter a opinião respeitada no conselho da comunidade sem o assunto ser alguma particularidade da cozinha, essa é a revolução que chegou aqui só agora, acreditem ou não. E os homens daqui são machistas, e muito.

    As meninas daqui, que saíram do mesmo lugar que eu, estão procurando pelo mesmo espaço. Inevitavelmente, a maioria acha lindo se vulgarizar, porque hoje pode, embora todo mundo ainda olhe torto. E não se pode fazer nada, não é, Ana? É uma questão de escolha, por isto mesmo, pessoal.

    Para mim, com os extremos, todos perdemos. Embora esteja nos 20 e poucos, pertenço a uma geração que não fica e pode ser que nem namore, mas que vê beleza na conquista e muitas vezes fica só nela. Opção minha. Mas, quem quiser, que faça. E viva Voltaire!

    Sobre ser delicada: alguém aí lembra dos meus tempos de Waltinho? Vixe maria...

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