terça-feira, 16 de março de 2010

Uma companhia exemplar!!


A bolsa também tem saudade. Você já teve um amigo por mais de 13 anos e perdeu? Eu tive. Mas a minha amiga nesse caso, tinha 4 patinhas pretinhas e magras. Onde já se viu cachorro ter nome de gente? Bom, a minha tinha. Tati, uma pincheir preta de peitinho marrom e latido irritante. Teimosa e cabeça dura, acho que parecia com a dona. Era teimosa até para aceitar a morte.

Era uma coisinha pequenininha e corajosa. Explorava o quintal e com dois dias em casa descobriu como subir o degrauzinho e chegar à cozinha. A primeira cachorrinha que ganhou aos poucos o direito de entrar. O que tinha de teimosa, também tinha de esperta. Ela sempre entendia quando era mandada para fora. Mas dava um passo para frente, e dois para trás.

Sabia reconhecer uma pessoa doente, e ficava perto, como se estivesse encorajando a melhorar. Adotou dois gatos. Acreditem, ela começou a cuidar deles, e sem que tivesse tido filhotinhos ou qualquer coisa parecida, começou a dar leite. Os filhos adotivos dela ficaram duas vezes maiores que a pretinha, mas ela continuou a dar leite, até eles irem embora de casa. Nunca tinha visto isso, só a Tati mesmo.

Minha amiga ficou cega. Mas calma, foi por alguns dias apenas. Nunca descobrimos qual bicho picou, desconfio de escorpião. O veneno atacou o sistema nervoso. Pedindo socorro, no meio de um temporal, foi até a janela e ficou lá chorando até cair e não ter mais forças. Nesse momento, começou uma revolução na casa. Eram 2 horas da manhã, todos levantaram e começou a busca por um veterinário. Nesse dia descobri que não é só médico que faz plantão. Bolsa de água quente, leite e muita atenção. Ela sobreviveu, e sem seqüelas.

Além dessas histórias, não vou ficar contando todas, mas tenho várias. Enfrentou uma cobra, mordeu um sapo, fingiu uma gravidez, viu um carro passar por cima e muito inteligente, apenas abaixou a cabeça e esperou ele passar. Tinha defeitos? Muitos, um deles, era querer fugir. Ela chegou a aprender o barulho que o portão fazia quando apertávamos o interfone. Corria antes e abria com a patinha.

Há mais ou menos 7 anos, alguns carocinhos começaram a aparecer. O diagnóstico? Bom, o veterinário nunca chegou a usar essa palavra, mas descreveu exatamente como câncer. Disse que não adiantava operar. E as pequenas bolinhas na pele, tornaram-se tumores. Muitos diziam para sacrificar, mas é o certo? Ela corria, brincava, comia e latia sempre que alguém aparecia no portão. Optamos por deixa-la viver. E como viveu!! Mas, nos últimos dias, ela que sempre foi magra, parecia um esqueleto andando. Morticia a gente brincava, Fênix imortal, que por mais que parecesse que ia morrer, no outro dia levantava e saia correndo tentando fugir pra rua.

Quer mais uma lição que aprendi com ela? Aprendi que existe verdade na frase que muitos dizem: Não quero que morra, mas quem sabe, morrer não é o melhor para ela? Nesta sexta-feira, 12 de Março, aos 13 anos, a pretinha não levantou da cama. Quem sabe, como diz meu pai, ela não volta em um corpinho novo. Aquele coitada, estava lamentável. Desculpe aos leitores que não gostam de cachorro, mas ela merecia.



Ps: Fazendo uma matéria no Canil Municipal tinha vários filhotinhos para adoção. Quase que levo um escondido na bolsa, mas aí quem seria expulsa de casa seria eu!!
Ps2: A foto não é da minha cachorrinha, é de um dos animais para adoção do Canil, mas a carinha é a mesma!!!

5 comentários:

  1. Nossa Ana!
    sabe, minha cadela fez uma cirurgia pra retirar tumores de mama(cancêr) a 1 mes atrás, fiquei com muito medo dela morrer, 7 anos de companheirismo.Quando fui pega-lá logo após a cirurgia, ao ver ela toda enrolada e meio boba devido a anestesia, chorei muito, em pleno hospital veterinário.Entendo como deve ter sido triste pra você.
    Me emocionei com seu texto :(

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  2. Ana, ontem mesmo eu estive pensando "ninguém escreveu sobre animais ainda". hehehe
    Eu aceito e, por vezes, compreendo essa ligação com os bichanos. E sua história emociona mesmo.
    Mas falando no geral, eu não gosto. Se é insensibilidade ou indiferença, não sei. Acho que não sou a melhor pessoa pra comentar. hehe

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  3. Nem eu, que achei que tinha matado um cachorrinho da raça da sua, hoje de manhã. Olhei assustada pelo retrovisor, mas vi o bicho pulando (deve ser aprendiz da sua, Ana).

    Não tiro o mérito de quem consegue manter um relacionamento afetivo com os animais e por isso me questiono: não deveria viver tanto quanto gente?

    Adota logo outro filhote, menina!

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  4. Eu gosto de cachorro, tenho um. Mas ele lá na dele e eu aqui, nada de mimos. De vez em quando alguns.
    O Bethoven faz parte da minha vida, tenho várias lembranças da minha adolescência com ele, mas não sei se eu vou chorar quando ele morrer...Eu não me ligo muito em bicho...
    E eu sacrificaria todos os que sofrem, hahaha, pode parecer maldade, mas acho que bicho não é para viver limitado. Sei lá.
    Gostei da sua cachorrinha. :)

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  5. Ana, a Pretinha morreu? Que dó... Olha, eu amoooo animais... especialmente os que eu posso apertar e abraçar e fazer carinho e levar pra passear e...
    Sofro quando somem, quando ficam doentes, quando morrem. Mas me deixa de cara quando alguem se preocupa mais com eles do que com gente. Não que não mereçam, mas é que considero desumano alguem, por exemplo, servir um banquete a um cao enquanto um homem passa fome. Minha irma escreveu sobre isso, uma vez. Olha lá... http://insensatopensamento.blogspot.com/2010/03/cara.html
    E nem esquenta, como seu pai disse, vai que ela volta em outro corpinho! Beijo grande, querida!

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