domingo, 14 de fevereiro de 2010

2x0 para o Brasil*

Passeando pelo site da TPM, deparei-me com o seguinte título "Morar na Argentina às vezes não é tão bacana". Pensei: como não poderia ser tão bacana assim? O real vale o dobro, e agora um pouquinho mais que o dobro, do peso (moeda argentina). Buenos Aires é sedutora, não tem como não ser. A arquitetura é linda, os cafés são ótimos, a comida boa (apesar de não ter gostado das carnes) e os portenhos muito agradáveis. Aliás, tenho que confessar, daqueles que conhecemos e por onde passamos, fomos muito bem recebidas, fora um caso ou outro. Em suma, são apaixonados pelo Brasil, esforçam-se para falar o português e dão vivas ao presidente Lula. Então, por que seria ruim morar na terra dos hermanos?
Fui ler o artigo. Um jornalista desceu a lenha nos brasileiros, apontando-nos inúmeros defeitos, como se nós não soubéssemos de nossas peculiaridades. Não conhecia o tal do Washington Cucurto, também não faço questão de conhecer, já que foi ele o autor de um artigo preconceituosíssimo. Só faltou dizer: "A Argentina para os argentinos". Por fim, entendi o porquê do título de Ana Manfrinnato .

Sobre o artigo de Washington Cucurto

A generalização é uma m. E ele nos atacou moralmente. Como de praxe, fomos acusados de oferecer um sexo grátis e fácil demais: "amam Buenos Aires assim como amamos suas praias e seu sexo fácil. É que Buenos Aires não pode ser comparada com o inferno que é São Paulo. Buenos Aires é cordial, tranquila e até mesmo afetuosa e melancólica”. Que ódio. Preconceito puro, nascido do esterótipo que o próprio Brasil vende. Culpa do carnaval, do menor biquíni do mundo e das novelas que passam por lá (ou não).
Sobre a cordialidade argentina, discordo, nem sempre é assim, principalmente quando se diz respeito ao estrangeiro. Como já disse, fomos muito bem tratadas, na maioria das vezes, contudo, se abordávamos alguém na rua para pedir informação, adeus à cordialidade. Os nativos, pelo que percebemos, detestavam ser vistos como bússola. Divertiam-se com a nossa falta de senso de direção e informação. “Las ticas fáceis perdidas”, era o que deviam pensar.
Também registro aqui o péssimo atendimento dos vendedores, garçons e afins. Aqui fica a dica: Argentinos venham fazer curso de atendimento ao público no Brasil. SP pode ser um inferno, de fato, mas em terras paulistanas você encontra atendentes de qualidade, profissionais preparados para atender ao público, independente de ser estrangeiro ou não.
O jornalista aí de cima também caçou do espanhol, o portunhol, que muitos brasileiros se arriscam a falar (não posso reclamar dos argentinos que tentavam falar o português, achei super simpático, uma forma deles respeitarem a nossa cultura e de quererem nos agradar, mas enfim... ). Deveríamos ser que nem os australianos, americanos e europeus que passam por lá. Falam a língua deles, se os argentinos entenderem, tudo bem, se não entendem, que falem sozinhos. Daí o prejuízo, porque esses gringos aí são forte consumidores, se os argentinos não entendem suas línguas, azar. Não compram não, eu vi isso acontecer numa loja. Bem feito, pontinhos a menos na economia argentina!
A respeito do ego dos hermanos. Sim, os argentinos não são nenhum pouco humildes. Tudo bem, eu deixo eles se acharem um tanto, já que por lá, o consumo cultural é intenso. Música, cinema, teatro e livros são apreciados no meio da rua, no metrô, no ônibus, num passeio pelo parque ou no café da manhã. Faz bem aos olhos, à alma. Nesse quesito perdemos. Eles estão a uns mil anos luz de nós, à frente, óbvio.
Todavia, eles são tão soberbos que não deixaram dúvidas sobre aqueles que poderiam nos assaltar. Cuidado, advertiram-nos. Cuidado com os peruanos, bolivianos e paraguaios. “São eles que roubam”, afirmou um portenho. Aí, mais uma vez o preconceito inflamado deles, menosprezando os demais vizinhos. Boludos!
A minha vingança é que argentinos como o Washington Cucurto continuarão vendo milhões de pernas (e as bundas que tanto ele exalta) brasileiras por lá. Estamos bem economicamente. Se comparados a eles, na verdade, estamos bem demais. Então, continuaremos injetando reais na economia hermana. Ah, outra coisa, este ano tem Copa do Mundo. Nem preciso dizer nada...Vingança duplicada! O próprio Washington afirma: “Íntimamente los envidiamos”. Certeza.

*Fugindo de temas carnavalescos. Me curando de uma dor de garganta. Pensando na Copa.

3 comentários:

  1. Ah, essa maldita richa... e, ah!, essa maldita imagem que têm da gente...

    ResponderExcluir
  2. Que nada! Vocês se sentiram símbolos sexuais, haha...

    E que eles nos aguardem na Copa, Larinilda! Não se revolte, pq o troco deles chega logo!

    =)

    ResponderExcluir
  3. Qdo estive em BA senti uma certa indiferença com relação à nós, brasileiros. Mas me diverti muito por lá. E tenho uma grande amiga aqui, em Curitiba, que é nascida lá. =D


    Beijão Lari!

    Joka
    www.jokamadruga.com

    ResponderExcluir