terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O estigma. E o preconceito



Desde que começamos a fazer as entrevistas para o livro da Aids (você pode conferir uma prévia aqui), nos deparamos com ideias que julgávamos absurdas o governo continuar falando nas campanhas. Como a família separar, por exemplo, os talheres, copos e pratos do portador do vírus. Mas isso acontece, ainda, e muito.
Daí me pego pensando em como as coisas são. Todos nós temos defeitos, todos nós cometemos erros (indiferente do tamanho deles), todos nós somos passíveis de um descuido. Ou vários. E rotulamos, ainda assim, aqueles que têm menos sorte do que nós. Ou menos cuidado.
Uma das profissionais da saúde com quem conversamos mesmo disse que ela tem atitudes de risco. Porque ela sabe que, caso desse uma 'escapadinha' no casamento, usaria preservativo. Mas não tem certeza do seu marido. E, entre eles, não se protegem. Sim, porque até no casamento é um risco. São casos e mais casos de contaminação com o único parceiro que se têm. Porque o parceiro talvez não fosse tão fiel assim.
É, nós criamos rótulos. Existe a gorda, o alto, a burra, o aidético, a bêbada, o maluco... Rotulamos, mas não gostamos de ser rotulados. E não é só nesses casos. Na verdade, nos colocarmos no lugar daquele que julgamos é essencial, apesar de não o fazermos.
Isso tudo para contar que, apesar das piadas que fizemos, apesar do estardalhaço que causou (Campo Mourão virou até notícia internacional), me choca saber que uma colega de profissão, por menor que seja o contato que tenha tido com ela, foi presa nessas circunstâncias. Me deixa apreensiva saber que alguém é capaz de pedir para ser avisado pelo próprio bandido quando alguém é 'apagado' para ter um furo de reportagem. Mas, mesmo assim, tenho dó dela. Porque fico imaginando como vai ser sua vida quando sair da prisão. Sim, eu sei que é um caminho que ela escolheu, mas é que a proximidade é tão grande (mesma profissão, mesma cidade, mesma roda de colegas...) que não tem como não me colocar no seu lugar. Nem que à força.

"Ele só tinha dezesseis/ Que isso sirva de aviso pra vocês..."

2 comentários:

  1. É complicado. O prenconceito, por mais que você evite, uma hora vem. Dai passa, você cresce e respeita. Dai vem de novo. E por que será que rotulamos tanto? Complicado.

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  2. O preconceito existe quando a coisa apavora-nos, se nos agrada o medo é sútil, no caso da aids, ainda quando reconhecemos a causa é que podemos preconceituar.

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